Já estamos em guerra, simplesmente isso não foi comunicado à maioria.

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Eventos efémeros

Na sequência do horror que assolou a Noruega (cujas conclusões toda a Europa ainda está a digerir) houve uma reacção espontânea da sociedade civil e o número de inscrições nos partidos políticos pela parte dos mais jovens disparou. É um gesto simbólico forte. Mostra que apesar dos terror e da vulnerabilidade, que é partilhada por todas as sociedades livres, têm que manter um sistema normal a funcionar e não se podem deixar tomar pela paranóia securitária e isolacionista.

Para os que não sobreviveram ao horror.

Mas passado o calor do momento e o sentimento, de se ter contribuído de forma positiva para algo, vão permanecer na política Norueguesa todos os factores que levaram estes jovens a ignorá-la ou desprezá-la até este momento. E irão fazer-se sentir com cada vez mais força até os levarem ao abandono ou indiferença (a posição inicial). Eventos traumáticos, a menos que repetidos de forma frequente para criação de uma “mentalidade de cerco”, nunca poderão ser o suficiente para regenerar um sistema político. Isto é ainda mais válido para o caso de países como Portugal onde a juventude aprendeu sabiamente a manter-se à margem da vida partidária de forma a evitar a manipulação ou o engano constantes. Os princípios cívicos não são muitos mas a própria ganância os informa que sem verem a sua estrela “patrocinada” a política é um beco sem saída de onde pode sair tudo menos ideias e soluções.

Parece que estamos à espera de uma coisa destas para recomeçar mesmo a sério....

Isto tem tudo ligação. Um sistema político que não permite participação genuína (o voto é mais formal que outra coisa) e que não permite brilhar quem tem esse potencial (e aqui poderíamos dizer que o mal é de Portugal como um todo e não apenas do mundo da política) está condenado a uma fria formalidade que só poderá significar o seu fim ou fraqueza extrema prolongada. Além de criar respostas extremistas a este estado de coisas como se viu no Norte da Europa recentemente (e se bem investigado provavelmente descobririam redes destas espalhadas pela Europa).Nós por cá nem o nosso momento de união nacional tivemos (ainda bem), frágil e de curta duração que costumam ser, o que quer dizer que o efeito de fragmentação que esta forma de gerir o país está a causar poderá ser mais rápida por cá que noutros lugares. Este conservadorismo em todas as frentes está a sufocar a nação.


Sinal de aviso

É preciso ter sempre muita sensibilidade ao falar de situações como a que ocorreu recentemente na Noruega para não cair em dois erros. O primeiro é a insensibilidade a quem passou a um verdadeiro inferno, especialmente o que não sobreviveram (os meus pêsames estão com as suas famílias e entes queridos). O segundo é cair numa reacção histérica que serve apenas para exteriorizar todos os medos, justificados ou injustificados, que sentimos sem prestar atenção suficiente ao que está mesmo em causa. Temos que ser sensíveis, pausados e realistas.

Prefiro pensar na Noruega sempre desta forma

Eu tenho que admitir que tenho uma grande dificuldade em acreditar que isto se trate de um acto isolado de alguém doente. Que esta pessoa tem problemas não está em discussão mas parece que falamos de um nível de acumulação de informação e até de treino que não seria atingido facilmente sozinho (mesmo com generosos recursos de tempo e dinheiro) além de que para um tipo de acção deste tipo (tão politicamente carregada e cheia previsões de conflitos futuros) fica claro esta pessoa não se via como estando sozinha e muito menos isolado, ou seja, não era uma cruzada pessoal. Já para não falar no factor motivação, é muito complicado alguém entrar num conflito físico sem motivação constante por parte de alguém ou alguma coisa. Parecem existir bastantes pontas soltas no que toca ao atacante e às suas possíveis ligações, mas dado que estamos no início das investigações teremos que ver o que surge.

Outra Cruzada há uns anos...

Igualmente preocupante é a identificação que este senhor faz de tendências a nível Europeu (representadas por forças políticas consideradas como potencialmente aliadas ou úteis à sua causa – algumas claramente são injustiçadas nesta listagem) para um uso sistemático de violência contra alguns alvos de estimação. É de perguntar o porquê da renitência em vários países de perseguir as ligações de alguns destes movimentos entre si e os detalhes das suas actividades – ao contrário do que fazem com os suspeitos de terrorismo islâmico. Falamos de distracção? Uma ameaça claramente subestimada ou algo pior? Será que por os membros destas organizações (e outras não listadas) serem europeus há medo de bater a algumas portas? São filhos de alguém? Ou há simpatias de membros de em alguns governos europeus por este tipo de ideologia e está-se a permitir que floresça? Se isto for um cenário provável então o que se quererá fomentar a longo prazo com esta tolerância selectiva e quem o estará a permitir?

Ainda outra cruzada... afinal é recorrente...

É preciso alertar sempre os cidadãos que todos os governos adoram que se crie um clima de medo porque isso gera menos perguntas e procedimentos de segurança mais directos e menos responsáveis (perceba-se: com menos garantias para qualquer pessoa que seja vista como “de risco” seja porque critério for). Ao contrário do ditado popular não é só quem deve que teme. Um sistema de informação extremamente invasivo coloca o cidadão mais pacato nas mãos de alguns serviços do estado (de ligações partidárias entre outras) ou mesmo de empresas privadas subcontratadas (um sector em crescimento explosivo). Cuidado com todas as organizações, públicas ou privadas, que nos negam as nossas autonomias para nosso próprio bem e protecção.

Está a ser observado. Para sua própia segurança claro.